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sexta-feira, 16 de abril de 2010
Masculino, feminino, e verborréia
A língua portuguesa tem suas características, algumas até comuns também em outros idiomas.
Um exemplo típico que varia em todo idioma é o GÊNERO das palavras (substantivos, adjetivos, pronomes, formas de tratamento, e em alguns casos até na concordância verbal).
Em algumas línguas existem os gêneros MASCULINO, FEMININO e NEUTRO. Umas raras incluem ainda o gênero DUAL. Outras tantas nem definem gênero (nem masculino, nem feminino, é tudo neutro), mas nem por isto deixam de reconhecer o caráter macho e fêmea de alguns seres e até de certos objetos inanimados e conceitos abstratos.
No Português admitimos os gêneros MASCULINO e FEMININO, que não necessariamente coincide com os respectivos gêneros em outros idiomas para as mesmas palavras (exemplo: Sol e Lua no Alemão e Português são de gêneros contrários: o Sol e a Lua, die Sonne und der Mond).
A gente reconhece e associa a noção de Macho às palavras masculinas (ex: homem másculo) e de Fêmea às palavras femininas (ex; intuição feminina) como regra geral, com aceitação de casos de exceção (ex: o motorista; a piloto). Mesmo que a terminação da palavra não seja reveladora ou seja neutra, os artigos se encarregam deste papel de não generalizar e de atribuir gêneros a elas (ex: o/a estudante, a/o especialista, o/a repórter, a/o amante, a/o presidente).
Genericamente falando, podemos identificar o macho nas palavras terminadas por "O" e a fêmea nas terminadas por "A", nos adjetivos e nas denominações de animais, profissões e nomes próprios.
Exemplos:
Gato e Gata; Rato e Rata; Coelho e Coelha; Búfalo e Búfala; Urso e Ursa;
Bravo e Brava; Belo e Bela; Feio e Feia; Doido e Doida; Esperto e Esperta;
Médico e Médica; Cozinheiro e Cozinheira; Técnico e Técnica;
Namorado e Namorada; Esposo e Esposa; Filho e Filha; Neto e Neta;
Antônio e Antônia; Mário e Maria; Paulo e Paula.
Isto, muito em função e influência dos artigos definidos serem "o" e "a" para o masculino e feminino, respectivamente, em português.
Por outro lado, exitem vários casos onde a simples troca de gênero da palavra resulta em significado e conceito completamente diverso. Curiosamente, quase todo mundo fala naturalmente e sem se dar conta desse contraste.
Exemplos:
- o cigarro X a cigarra ; cigarro (objeto tóxico para fumar) cigarra (inseto barulhento)
- o tango X a tanga; tango (música e dança argentina) tanga (pequena peça de vestuário que tenta cobrir as partes íntimas)
- o luto X a luta; luto (sentimento de respeito aos mortos) luta (briga, contenda, embate, esforço)
- o porto X a porta porto (local de onde partem, chegam ou ancoram embarcações marítimas, fluviais, aéreas ou espaciais - temporais ainda não) porta (passagem ou obstáculo para entrar em ou sair de algum lugar)
- o copo X a copa copo (recipiente para conter líquido para beber) copa (parte da casa onde se reúnem pessoas para comer alimentos, ou parte das árvores tal como sendo "a cabeleira de galhos e folhas", e ainda uma taça ou também um torneio de futebol)
- o rodo X a roda rodo (tipo de vassora que puxa ou empurra água no chão) roda (parte redonda dos veículos que facilita seu arrastro, ou reunião/agrupamento de pessoas em círculo)
- o lixo X a lixa lixo (restos ou entulho a ser jogado fora, ou recipiente para conter isso) lixa (superfície áspera usada para raspar outra superfície)
- o prato X a prata prato (recipiente para servir temporariamente a comida que será comida) prata (metal valioso de cor acinzenta e brilhante quando polida)
- o boto X a bota boto (mamífero aquático de rio, aparentado dos golfinhos e delfins marítimos) bota (indumentária do vestuário para proteger os pés, calçado de cano longo)
- o caso X a casa caso (situação entre outras possibilidades, ou romance amoroso extra-matrimonial) casa (construção para abrigar seres, local onde esses seres habitam)
- o Pedro X a pedra Pedro (pessoa, nome de homem) pedra (rocha)
- o lábio X a lábia lábio (parte delicada da abertura da boca) lábia (argumentação usada para convencer alguém de algo)
- o verbo X a verba verbo (palavra que designa ação ou estado) verba (dinheiro destinado ou reservado para algum gasto específico e autorizado para esse propósito)
Este último exemplo serviu de inspiração para uma genial composição de Lenine/ Lula Queiroga, cuja letra da música chamada "Rosebud" (ainda não sei por quê) ou "O Verbo e a Verba", eu reproduzo aqui, com os meus aplausos.
Dolores, dólares...
O Verbo saiu com os amigos pra bater um papo na esquina. A Verba pagava as despesas, porque ela era tudo o que ele tinha. O Verbo não soube explicar depois por que foi que a Verba sumiu. Nos braços de outras palavras o Verbo afagou sua mágoa e dormiu.
O verbo gastou saliva, de tanto falar pro nada. A Verba era fria e calada; mas ele sabia, lhe dava valor. O Verbo tentou se matar em silêncio... E depois, quando a Verba chegou, era tarde demais: o cadáver jazia, A Verba caiu aos seus pés a chorar lágrimas de hipocrisia.
Dolores e dólares... Que dolor que me da los dólares Dólares, dólares Que dolor, que dolor que me dá
Bônus:
dúvida cruel:
se o contrário de masculino é feminino,
por que tem meninO na palavra fe'minino?
explicação plausível:
porque a mulher carrega o bebê dentro de si!
Pois é André... Quando eu penso que já li tudo...vem você com suas postagens inteligentes... Fico imaginando como se dá o seu processo criativo...com certeza, fruto de uma mente extremamente observadora! Lenin é fera mesmo! Um beijo
Bom, já sabes que gostei. Um texto com esmero é assim - Uma aula que, estou certa, nenhum professor de português pensou em dar. E certamente faria alunos de todas as idades pararem para compreender o tema. Aplaudindo você e o Lenine porque eu adoro esta canção - música e letra.
O que eu ainda não sei é "por que" o Lenine chamou a música de Rosebud.
Mas descobri "o que" é Rosebud. É uma palavra "misteriosa", a última pronunciada quase sussurrada pelo rico moribundo, e que, apesar de ninguém estar por perto para escutar ou saber disto, o filme inteiro restante de Cidadão Kaine é procurando seu significado ou quem seria.
Bem, talvez seja por isto mesmo: no fim, ninguém sabe nada mesmo, nem de VerbAs nem de VerbOs!
Perfeccionista, Preguiçoso, Pensador, Ponderado, Privado, Passado, Presente, Porvir, Palhaço, Pândego, Pindaíba, Paciente, Poliglota, Palpiteiro, Pai por paixão, Paixão pelo Par, Prolixo mas não Pro lixo, Pirado, Potencialidade, Por aí afora e outras Possibilidades...
Meu primeiro blog foi/é o Relatos de Viagem e Reflexões, http://mesdre.myblog.com.br. Como aquele se apresenta distorcido quando acessado com FireFox em vez de InternetExplorer, passarei a postar neste e naquele, e aos poucos trarei algumas postagens de lá para cá.
3 comentários:
Pois é André...
Quando eu penso que já li tudo...vem você com suas postagens inteligentes...
Fico imaginando como se dá o seu processo criativo...com certeza, fruto de uma mente extremamente observadora!
Lenin é fera mesmo!
Um beijo
Bom, já sabes que gostei.
Um texto com esmero é assim - Uma aula que, estou certa, nenhum professor de português pensou em dar.
E certamente faria alunos de todas as idades pararem para compreender o tema.
Aplaudindo você e o Lenine porque eu adoro esta canção - música e letra.
Beijos, André.
Genial!
O que eu ainda não sei é "por que" o Lenine chamou a música de Rosebud.
Mas descobri "o que" é Rosebud.
É uma palavra "misteriosa", a última pronunciada quase sussurrada pelo rico moribundo, e que, apesar de ninguém estar por perto para escutar ou saber disto, o filme inteiro restante de Cidadão Kaine é procurando seu significado ou quem seria.
Bem, talvez seja por isto mesmo: no fim, ninguém sabe nada mesmo, nem de VerbAs nem de VerbOs!
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