sábado, 9 de agosto de 2008

maLULAquice custosa

Não há dúvidas que o Poder muda as pessoas. Bem, pelo menos o DISCURSO delas muda! Não sei dizer se já seriam assim na sua essência e apenas se deixam revelar quando estão por cima, ou se de fato são corrompidas por pressões "ocultas", voluntariamente ou não.

O curioso é quando esse discurso é antagônico, não ao longo do tempo, mas quando acontece simultaneamente! Coisa de maluco!

Outro dia, ouvindo o noticiário na rádio, escutei dois posicionamentos diametralmente antagônicos da mais alta figura pública e representativa do nosso país (e não era reportado por ninguém: era pela própria voz do próprio).

Estava em campanha pela aprovação da nova CPMF (Contribuição "Permanente" sobre Movimetação Financeira), desta vez chamada/maquiada de CSS (Contribuição Social para a Saúde) para disfarçar a mesma extorção imperativa nos nossos bolsos. O projeto em votação no Congresso exigia aplicar um certo percentual fixo na saúde, e o nosso presidente argumentava que o projeto deveria apresentar junto [com a exigência, a explicação] de onde vem a receita; que na casa de qualquer um é assim: antes de sair gastando, você precisar assegurar de onde vem o dinheiro. Aproveitou e citou como exemplo que teria sido uma irresponsabilidade ajustar os vencimentos dos aposentados na mesma proporção dada ao salário mínimo (coisa que ele vetou)... Chocante ouvir uma afirmação dessas, nâo?

Mais tarde no mesmo dia, ele justificava sua sanção (=aprovação) ao ajuste (=aumento) do valor da Bolsa Família, dizendo da importância de se ajustar isto para compensar o aumento dos alimentos e acompanhar a inflação (sem no entanto explicar em nenhum momento de onde viria a receita para esta despesa no orçamento!)...

Ora, mesma situação e posicionamentos diferentes (e simultaneamente!). Ou, como se dizia antes: dois pesos, duas medidas.

Pessoalmente, acho que ele está certíssimo quando fala de controle orçamentário... Pena que o Governo não pratica isto!

Aliás, quando se trata de controle da inflação e dos preços, o Governo e os órgãos oficiais e de utilidade pública são os primeiros a aumentar seus preços, taxas e refências ACIMA da inflação medida, o que desencadeia e justifica outros ajustes em cascata!

É difícil entender... O argumento para se aumentar preços sempre é:
1) aumento de custos, ou
2) correção da inflação (=compensar as perdas que a inflação acumulada corroeu).

Por aumento de custos podemos ter como causa:
- matéria-prima (materiais e fornecedores)
- mão-de-obra (terceiros e empregados)
- infra-estrutura (energia elétrica, combustível, aluguel do imóvel)
- transporte (e logística)
- investimento na produção (equipamentos e processos)
- expansão (contratação de mais gente, filiais, diversificação de produtos)
- e talvez mais algumas na categoria de "etc"...

A regra é básica: assim como os produtos (de bens ou de serviço) precisam aumentar os preços, para sobreviver ou para manter o lucro, porque os custos aumentaram, você tem que subir tudo também para acompanhar o mesmo ritmo. A menos que você seja inescrupuloso/a, ganancioso/a, ou mau-caráter e sobe seus preços sem justificativa alguma, só para ganhar mais.

E por que os custos aumentam? Pelos mesmos motivos: se não for "safadeza gratuita" (que sobe tudo por razões ambiciosas), é para cobrir seus próprios custos ou para compensar as perdas devidas à tal inflação. É um ciclo vicioso...

Numa economia estável, os preços não deveriam aumentar. E se isto acontecesse, deveriam ser casos isolados, sem gerar o efeito avalanche.

Mas quando o próprio Governo, que é responsável por controlar a inflação e regular os preços e dar o exemplo, é quem primeiro as tarifas de tudo, E SEMPRE ACIMA DA INFLAÇÃO, então eles estão bem malucos mesmo, e nós estamos em sérios apuros!!!

Alguém não entendeu quem está empurrando pedras abaixo (=taxas e tarifas) e disparando uma avalanche (=inflação) em cima de nós?

Cadê os analistas econômicos?...

Um comentário:

Andre Martin disse...

Bom, eu acho que a FAMA do cara nos possibilitou ouvir esse absurdo INFAME.

E só tenho uma coisa a dizer para essa famosa inflação: inflame!